sexta-feira, 24 de junho de 2011

Mr. Moonlight

Quero o meu eu
Cristalizado no teu.
Quero esquecer do peso da gravidade
Me libertar daquelas doces maldades
Que por ventura possam estar gravadas
Na tua pele, na minha pele.
Quero ser junto contigo
Te entender de perto
Acariciar tuas mãos
Oferecer meus braços como acalento
Fazer da minha mente a tua casa.
Quero (d)escrever teus olhos
Ouvir tuas reclamações
Dizer que tudo vai ficar bem
Porque, você sabe, tudo vai se ajeitar.
Quero caminhar na estrada
Te encontrar na curva
Te esperar na chuva
Molhar meus cabelos
Receber teu abraço
Te ouvir dizer que sou um caso perdido.
Quero errar
Ouvir você chorar
Rir dos teus pudores
Esquecer das minhas dores
Apagar meus paradigmas.
Quero que você faça laços
Me prenda junto a ti
Com laços fortes e decorados
Não quero pensar em fugir.
Quero me sentir bem
Adorar a ilusão
Transformar a paixão
Sair da prisão da mente
Sentir o sol arder quente.
Quero fazer da minha vida um filme
Seja o protagonista do nosso romance
Sem dramas, sem traições
Estagnar no início
Recomeçando a cada manhã
Te ver como vilão, meu vício.
Quero que as estações mudem
O tempo passe
As modas se readaptem
E você continue aqui.
Aqui? Aonde?
Perto
No pensamento
Na presença
No sentimento
Na morte 
Na doença.
Quero
Não peço demais.
Quero
Espero
Me encontra.
Vejo você em breve.

domingo, 5 de junho de 2011

Subterfúgio

Eu não sei viver sem ser clichê. Não sei existir sem sentir esperança. Não sei amar a mim mesma sem envolver a surrealidade.
Pronuncio palavras objetivando explicar-me aos outros. Quero dizer o que sou, sinto, espero e desprezo; quero tornar-me clara e facilmente visível como o sol no verão. Mas também sou amante do frio...
É essa presença excessiva de faltas que me deixa "blasé" e distante. Convivo com a minha vontade de acreditar, enquanto minha razão sussurra dizeres como "vá com calma. Hipoteticamente, isso vai dar errado".
Definitivamente, minha vida não é uma afirmação e minhas certezas não terminam com exclamações. A relatividade obriga a suave aparição das reticências - os três pontinhos que alimentam minhas expectativas e possibilitam que minha imaginação se torne o melhor lugar de todo o universo.
Sou o que tenho - minhas posses resumem-se à mim e meus sórdidos e sólidos sentimentos. Isso basta... Por enquanto, é o suficiente para me manter acesa, viva, queimando e tendo vislumbres  de futuros mais prósperos na próxima esquina.
Não sei sobre muita coisa, e encontro na dúvida o suspense que ingenuamente preciso para me sentir atraída. Sei que existo - intransitivamente, existo. Estou sendo existência abstrata. Discretamente, aparecendo. Sendo eu, por mais que eu não saiba a dimensão das coisas e não possa ser precisa ou misteriosa. Só sou adepta dos dramas.
Viver não é só encontrar acalento nos momentos felizes e encontrar-se em ilusórias e inconstantes certezas - viver é permitir-se, é chegar mais perto da complexidade e abraçar a insanidade, é caminhar descalço pelo paralelepípedo, é olhar o céu e não procurar pelas estrelas, é sentar na grama sem se preocupar com as formigas, é olhar para o mundo sem sentir medo, é deslizar pela corda-bamba e esquecer da altura, é duvidar de si mesmo e questionar o lógico, é desentender o banal e aplaudir a rotina, é adorar e desencantar-se, é acostumar-se com crescentes ciclos inacabáveis, é identificar-se, é julgar involuntariamente, é ser interpretado por visões errôneas, é estar distante e desejar ir embora, é estar sozinho e implorar por companhia, é falar dos traumas, das perdas, do que não foi, do talvez e do era uma vez, é trancafiar-se no submundo da mente e esperar que algum herói apareça.
Não requer pensamento.
Viver é assimilar as inconstâncias e recriar os paradoxos.
Pode ser como quiser ser, pode ser como permitido for, pode ser e nascer e morrer: mas que "seja doce enquanto dure" e eterno enquanto teu.
...Teu.