sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Black holes.

Peculiaridades ansiando por serem desvendadas em seu olhar. A hesitação por não conseguir prever o futuro presente nas cinzas de cigarros deixadas em um canto qualquer de seu quarto. Casais teciam promessas amorosas em meio à vasta noite de inverno. Amigos deleitavam-se em desejos repentinos de satisfação momentânea. Senhores idosos clamavam pela realidade inserida em lembranças oportunas.
Enquanto a escuridão prazerosa de um sábado começava e dava permissão para os acontecimentos simultâneos e tradicionais, uma sombra de dúvidas preenchia o quarto da jovem incomum, encadeando uma mistura nada agradável de implicidades.
Sentada em sua cama, encarando a mesma paisagem por entre a janela durante boas horas consecutivas. Se alguém a olhasse, certamente imaginaria que tratava-se de uma mera parada em meio à suposta movimentada rotina da garota que reluzia juventude.
Pois então, era um erro. O velocímetro da vida de Fernanda encontrava-se estagnado em números baixos e insignificantes nos últimos dias. Nos últimos meses.
Afinal, qual motivo seria merecedor de tanto tempo de reflexão e cautela? Uma unha quebrada, a insatisfação com os quilos a mais ou um simples desapontamento com alguma nota vermelha?
Mais um equívoco. Não era tão fútil assim. Contudo, ainda era clichê - singelamente, não havia nada mais normal do que isso.
Era paixão.
Amor estava longe de ser. Afinal, nem sabia o que era. Para ela, somente eram quadrilhões de emoções resumidas em uma palavra desconhecida. Todavia, era paixão. Era o desejo de ter alguém por perto explodindo em seu peito. Eram as noites mal dormidas, os sonhos parcialmente realizados, a salvação do pesadelo aterrorizante. Não havia explicação - havia ação. Ação desejada, vivida, e acima de tudo, sentida.
Agora, Fernanda agia como uma criança medrosa perdida ao relento. Queria fugir. Esquecer do que havia idealizado. Apagar o drama que transformara sua rotina previsível.
Riscou a última frase. Amassou a folha de papel em suas mãos e jogou-a embaixo da cama. Desistiu, por longos cinco minutos. Abriu o caderno e recomeçou a escrever.
Uma carta de amor. Uma declaração insensata. Frases com um significado inesperado. O que ela queria ter lido. Faria isso por repetidas e interruptas vezes, até adormecer no doce sonho que embalara seus pensamentos.
Suas palavras eram sinceridades em vão. Interpretações ingênuas. A tradução de emoções inocentes em algarismos.
Era seu. De sua alma e de seu coração.
Não precisava de armas para se defender de si própria ou esconder algo tão desnecessário.
Colocou suas mãos ao ar. Rendeu-se. Que a avalanche de sentimentos a invadisse.
Não precisava de nada mais. Contentava-se com a adrenalina percorrendo suas veias.

Não sei o que escrever depois desse texto clichê e sonolento. Eu ainda não sei porque gosto de escrever sobre essas coisas MUITO nada a ver. Mas é até divertido. Depois eu leio e me sinto um pouco versátil.
Mentira, eu não sou nada versátil. Porém contudo todavia, vocês podem fingir que eu sou.
Então, vou desejar uma boa noite e dizer que, se vocês forem pessoas legais de verdade, vão comentar e, de quebra, ouvir essa música que anda ocupando o espaço do meu cérebro reservado para decorar canções. Se é que existe um espaço para isso.
Acho que o próximo post vai ser sobre política, ou vou me animar e postar alguma poesia antiga minha. Não sei. Só queria deixar alguém ansioso, mesmo.
Beijo, e obrigada. Como sempre!
E, ah, boa noite.