quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Nowhere in here

Sobre Esperas e Paixões
Venha!
Toque suas mãos nas minhas
Descanse em meus braços
Acelere seus passos
Mas não me deixe sozinha.
Chegue!
Esqueça dos possíveis receios,
Porque não é inseguro nem feio
Entregar-se sem ponderar resultados.
Pois, corra!
Preciso do teu ser ao meu lado
Quero me perder em seu abraço
Para me encontrar de corpo inteiro.
Envolva-me!
Me presenteie com sentimentos sinceros,
Permita-me demonstrar os poemas mais ternos
Que apagam a dor de não te ter por perto.

Devo dizer que tenho uma afeição especial por esse poema. Com essas palavrinhas, fui vencedora do concurso "Poesia Passageira". Além disso, comecem a ler as poesias que quase sempre estão expostas nos ônibus. A partir do próximo ano, vocês podem se deparar com a minha obra por lá!
Pensei em fazer grandes e crescentes considerações sobre esse ano e a felicidade que ele me trouxe.
Mas... Não sei se todas as coisas que iria dizer seriam suficientes, ou resumiriam (de fato) a importância que esses 365 dias tiveram na minha vida.
De qualquer forma: obrigada, 2010!
Feliz Natal e um 2011 iluminado para todos nós! Que o próximo ano seja tão bom quanto 2010, surpreendendo-me e encantando-me nos pequenos detalhes de cada acontecimento. Que as minhas percepções continuem se alterando. Que eu tenha inspiração para escrever, vontade de compartilhar e capacidade para externar sentimentos e emoções. Que a felicidade contorne cada pequeno desenho imperfeito dessas próximas obras do acaso.
Beijos! Tudo de bom pra vocês. Para nós.
Acho que talvez eu poste mais coisas até o final do ano, mas... Prefiro adiantar-me um pouquinho e não pecar pela ausência.
So long. :}

sábado, 18 de dezembro de 2010

Agulhas e fios.

Eu queria dizer. E mais do que isso: eu precisava dizer.

Eu sabia o que queria. Tinha, em minha mente pequena, singela e humilde, um turbilhão de pensamentos que corriam à 200 km/h sem direção. Sobre o que comi no almoço, sobre as próximas festas, sobre desamores... Sobre tudo e sobre nada. Rápidos, inconstantes e leves como o vento - meus pensamentos desmanchavam-se tão fácil quanto espuma.
Um toque errado. Uma fala equivocada. Qualquer coisa que passasse pacata, desapercebida por minha consciência, causava efeitos em meu inconsciente e no que estava guardado (à sete chaves!) dentro dele.
Tanta coisa. Tantas vontades. Não que eu pudesse desbravar e descrever cada um de meus anseios; porém, eles estavam lá. Quietinhos, esperando para entrar em combustão com o fogo que alimentava minha alma - as palavras.
Um dia (um belo dia, diga-se de passagem), as coisas fluem (e influem). Uma ideia brilhante, um acontecimento inesperado (mas tão desejado!). A permissão para dizer.
É como se o meu próprio interior enviasse para meu cérebro, o visto necessário e a liberação total para a fuga de um minúsculo devaneio em uma fração de segundo. Posso imaginar as sinapses ocorrendo, alguma substância percorrendo meu corpo e carregando a mensagem por todos os lugares - "sim, você já pode falar!".
E era exatamente aí que encontrava-se o segredo de tudo.
Então, eu falava. Liberava as palavras - através das cordas vocais ou de qualquer outra maneira - e esperava que, algum dia, alguém se identificasse com aquilo, reivindicasse, debochasse, ou... que gostasse.
O falar era simples e irrisório. Tão insignificante quanto ouvir um "oi" na espera de um "eu te amo".
Mas eu dizia. Dizia, repetia, esquecia e relembrava.
Porque idéias brilhantes são sempre prósperas (por mais que não pareçam inicialmente). E o que assemelha-se a um caos interno pode ser, somente, o seu inconsciente alertando que ainda há alguma amadurecimento para ocorrer.
Encontrar o fio da meada no meio de tantas desnecessidades pode ser mais difícil do que procurar uma agulha no palheiro.
Mas... Quem disse que é impossível?

Qualquer coisa só para libertar qualquer coisa perdida em mim.
Bom fim de semana. :}

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Transitividade.

- Tia, você tem um trocado?
Caminhava pelas estreitas avenidas da cidade agitada. A fumaça, as buzinas, os gritos de "liquidação" e "queima de estoque" me atordoavam. As crianças enfileiradas no meio-fio, à espera de um abrigo, de um refúgio qualquer em meio à realidade assombrada. O cheiro de comida acebolada, as calçadas que me causavam tropeços exasperados, o bater das portas... A sujeira.
E quanta sujeira. Por entre os pequenos espaços vazios entre os amontoados de pessoas que aglomeravam-se, indo para lugar nenhum, as moscas desviavam de minha cabeça. Eu estava suja também.
Desamor. Desafetos. Desencontros e... Desejos. Ah, quantos desejos!
Poderia eu permitir-me sonhar com um futuro mais próspero? Com a simplicidade das coisas, com a paixão que me aguardava em um beco sem-saída no final da rua?
Senti medo.
Receio de mim. Do que eu poderia fazer.
E do que eu não poderia, sob hipótese alguma, fazer.
Entrei em uma loja com uma fachada bem-arrumada, menos desagradável que as demais, e olhei a atendente de olhos vazios.
- Por favor, a senhora podes me dar um copo d'água? Não estou me sentindo bem.
Esperei uma resposta. O tic-tac do relógio era ofuscado pela gritaria que vinha da rua.
- Desculpe-me.
Era água. Pura e simplesmente água - incolor, inodora e insípida - que me fora recusada.
Prossegui caminhando pelas ruas enquanto o sol escaldante parecia gerar faíscas em minha pele.
A sujeira.
Eu não sabia como estava - meu estado era uma incógnita. Desde que havia tomado aquela decisão, parei de preocupar-me com a minha aparência.
Só a aparência do mundo me interessava.
Assisti meu reflexo em uma vitrine de materiais hidráulicos.
Normal. Assustadoramente normal. Roupas casuais, minha pele macia e comum, meu cabelo cuidadosamente despenteado.
Pois de que sujeira eu falava, então?
Do implícito. Do que ninguém via. Das faltas, das presenças, da dor.
Vazio. Ausência de esperança.
O descaso comigo mesma.
Era eu, era outra, era nada... Era o tempo.

sábado, 4 de dezembro de 2010

In the sun.

Frutos de uma mente alterada.
O vazio,
O silêncio.
As paredes,
O teto,
Um lustre com uma lâmpada prestes a queimar.
Eu,
Você,
Pronome pessoal da primeira pessoa do plural.
Pluralidades,
Singularidades,
Essências.
O sol,
A tua Lua,
O meu céu.
Sou minha,
Sou tua,
Sou sem saber.
Existo,
Inexisto,
Numa folha em branco,
Na porção livre da tua alma,
No espaço dedicado à mim em teu coração.
Coração?
Alma?
Celulose?
Ilusão de ótica.
Ilusão emocional.
...Simplesmente ilusão.
 
Minha professora disse que essa é uma poesia surrealista.
Concordo totalmente com ela.
Beijos!