quarta-feira, 20 de julho de 2011

Saudações aos velhos novos sentimentos

Os
erros
são
certos.
Vivo
vivendo
(fingindo)
viver.
Aguardo
o
esquecimento;
ele
nunca
vem. 
O
que
se
mantém
são 
as
lembranças.
Sei
o
que
eu
era,
mas 
não
reconheço
quem
sou.
Não

limites
para

imaginação;
não

barreiras 
que
estanquem
a
perdição.
Não
posso
me
(te)
decepcionar.
Ouça
as
vozes
do
meu
inconsciente,
escute
meu
coração.
Desintregro,
desencontro,
desamo,
desespero,
desanimo,
desisto.
Digamos
viva
à
estupefata
embriaguez;
que
ela
- e

ela(e) -
me
guie
na
covardia
de
minhas
tentativas.
Insólita
sobriedade,
leve
com
você
a
sua
(minha)
mala
de
inseguranças.
Assumo
as
consequências
de
meus
falhos
escassos
inóspitos
atos.
Ou
tu
me
levas
daqui
- para

país
dos
recantos
gentis -,
ou
eu
aprendo
a
fugir
de 
mim.
Enfrentar-me-ei.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Minhas adoráveis obrigações

O esforço de alguns (bons) dias concretizado em resultados satisfatórios. Não poderia deixar passar em branco...

DEMOCRACIA E CULTURALIZAÇÃO

          Conceitua-se como “cultura” o conjunto de valores, crenças, hábitos, costumes, tradições, modos de pensar e agir que são consoantes à vida de determinado grupo, integrando-se às pessoas e conferindo identidade às mesmas.1 As práticas culturais são a moldura da sociedade, e atuam como ponto norteador para o desenvolvimento das relações em todos os âmbitos – social, econômico e educacional.
A sociedade contemporânea é circundada por intensos e variáveis processos de transformação. O mundo gira em torno do seu próprio conhecimento, redefinindo valores e reconstruindo conceitos. As percepções alteram-se conforme as circunstâncias, e o pensamento rompe os aparentes muros de concreto que delimitavam as relações sociais. Involuntariamente, reorganizam-se as instâncias do processo de culturalização.
          Tendo em vista que a cultura não é uma construção hierárquica, de caráter evolucionário – nenhuma cultura pode ser considerada superior ou inferior à outra -, cada indivíduo atua como agente e disseminador de seus pensamentos. Involuntariamente, a organização social funciona como uma “máquina de produzir cultura”, onde intensamente agregam-se novos valores e condicionam-se novas maneiras de correlação entre as distintas identidades culturais. A diversidade cultural consiste na coexistência de diferentes culturas em uma mesma região, delineando as estratégias para a elaboração de políticas culturais competentes e atuantes em sua amplitude.2
     A população detém, em sua maioria, uma vontade crescente e volátil de conviver com o próximo; uma sede inacabável de produzir e manifestar seus desejos e pensamentos culturais. De acordo com a Constituição³, é dever do governo garantir que a nação seja contornada por diversos eixos culturais e transversalizada pela liberdade de escolha entre as opções de pensamento, assim como é um direito de cada indivíduo ter pleno acesso às praticas culturais de todos os contextos sociais, sem as idiossincrasias dos “eruditos” e dos “populares”.
     Dessa forma, a democratização cultural não é a liberalização do acesso à “alta cultura”; ela justamente contesta a prevalência da cultura dita de elite, da falsa dicotomia da cultura.4 A universalização e descentralização da cultura oportuniza a intersecção de valores, crenças e hábitos, promovendo trocas interculturais entre grupos.
     Paralelamente, a acessibilidade cultural é uma das grandes exigências impostas – e dispostas – na sociedade, ao complementar-se com a diversidade. De acordo com dados do Banco Mundial, as indústrias culturais (ou também chamadas de “criativas”) representam cerca de 7% do PIB mundial.5 A cultura movimenta a economia e deve ser aliada às práticas educacionais que favoreçam a cidadania e pluralidade culturais, preparando formadores de opinião com nível elevado de criticidade. Trata-se de uma articulação entre Estado, promovendo políticas públicas pertinentes à área cultural, e população, atuando como produtores, agentes e/ou disseminadores da cultura.
     Cabe ao governo – em seus âmbitos municipal, estadual e federal - garantir espaço e condições para viabilizar a produção e/ou reprodução das práticas culturais em seus inúmeros cenários; ou seja, é seu papel fornecer subsídios a fim de fomentar as manifestações e atender suas demandas, estimulando a autonomia dos grupos para que possam identificar as expressões existentes e recriar suas visões. O artigo 215 da Constituição do Brasil prevê “a defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; produção, promoção e difusão de bens culturais;  formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões;  democratização do acesso aos bens de cultura; valorização da diversidade étnica e regional”, estabelecendo as diretrizes do Plano Nacional de Cultura.6
     A democratização cultural é mais do que uma necessidade; ela se apresenta como uma realidade que precisa ser difundida, estimulada e dinamizada. A cultura deve ser um produto acessível para todas as camadas da população, sem restrições ou segregações, considerando que a interação entre os diferentes legados de cada grupo não traz prejuízos de identidade ou pormenores prejudiciais. Como disse Gandhi: “Nenhuma cultura poderá viver se tentar ser exclusiva”.7 A humanização cultural é a peça-chave para a sustentabilização e ascensão da democracia em sua magnitude presente em todas as esferas sociais.

(Laiza Rabaioli é aluna do Curso Técnico de Nível Médio em Gestão Cultural – Forma Integrada do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) – Campus Sapucaia do Sul.)


REFERÊNCIAS UTILIZADAS
1 De acordo com o conceito formulado por Edward Burnett Tylor em seu livro “Primitive culture: researches into the development of mythology, philosophy, religion, art, and custom” (1871).
2 REIS, Ana Carla Fonseca. Economia da cultura e desenvolvimento sustentável: o caleidoscópio da cultura, p. 145.
3 Artigo 215 da Constituição Federal do Brasil, disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acessado em 20 de junho de 2011, às 18 horas.
4 REIS, Ana Carla Fonseca. Economia da cultura e desenvolvimento sustentável: o caleidoscópio da cultura, p. 150.
5 Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/site/2008/04/01/economia-da-cultura-um-setor-estrategico-para-o-pais/>. Acessado em 20 de junho de 2011, às 18 horas.
6 Baseado no Plano Nacional de Cultura do Brasil, disponível em: <http://www.cultura.gov.br/site/2011/05/26/plano-nacional-de-cultura-21/>. Acessado em 20 de junho de 2011, às 18 horas.
7 REIS, Ana Carla Fonseca. Economia da cultura e desenvolvimento sustentável: o caleidoscópio da cultura, p. 144.