terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O que o ócio me faz

Ensaios de Embriaguez

O mundo perdido,
O fogo dos olhares corrompidos.
Os navios detentores de riquezas,
As aldeias transformadas em represas de tamanha tristeza.
Almas erradas se encontram,
Pensamentos sutis se esquivam,
Mãos separadas por acasos e descasos.
Ordens não-cumpridas,
Prisões estabelecidas,
Condenações e depreciações.
O que será ser?
Fatos, enredos e inventos.
Versões, afirmações e erratas.
Mal sabiam eles
- reles mortais -
Que da vida eram cobaias,
E de si mesmos eram reféns!

***

Escrevo as linhas tortas de um verso,
Como quem dança à procura de atenção.
Busco em mim a resposta
Para coisas ausentes de exatidão.
Conheço-me por inteira,
Entrego-me ao ensaio inacabado dos atos,
Vivo na espera do que não sei.
Pois, me diga:
Rotina não é só um mero eufemismo para desesperança?

***

Quarenta dias ele prometeu,
Quarenta dias foram a eternidade.
Arrumei a velha casa:
Lavei os vidros,
Dei brilho ao chão,
Engraxei os sapatos,
Comprei colares,
Abri a janela
E contei as horas.
Quando o avistei chegando,
Foi que lembrei-me do que havia esquecido outrora:
Do que adianta ser vistosa,
Se por dentro estou recheada de pó?

***

Pisando sobre diamantes,
Tateando ao encontro do nada,
Destilando veneno por entre os dedos.
As formigas,
Com seu andar aflito e exasperado,
Me contam histórias.
As abelhas me ensinam a fazer mel.
Os peixes me abrem os olhos,
Meus fios de cabelo deixo crescer.
Óh, Deus, perdi meu sapato!
Sou a princesa de um reino
Onde a loucura é moeda de troca.
Os fantasmas transitam,
Mas sempre esquecem de fechar a porta!

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