domingo, 10 de abril de 2011

"Com um sorriso desses,

...Você não precisa de olhos."

Ela mente quando diz que seus olhos dizem a verdade.
(Na verdade, ela própria é uma mentira. Uma mentira muito bem-feita, diria o seu antigo namorado.)
Ela olha para os cantos, fingindo não ver. Mas ela vê muito mais do que deseja.
(Olhos de raposa.)
Ela sente o cheiro da chuva atravessar os cantos obscuros do mundo e chegar até as suas narinas.
(Olfato aguçado.)
Ela caminha desajeitada, demonstrando um medo que não sente.
(O antônimo da insegurança.)
Ela arqueia as sombrancelhas, fingindo estar surpresa.
(Ela sabia de tudo - de tudo e mais um pouco. Ela sempre sabe.)
Ela inventa o esquecimento e se apropria do perdão.
(Nada além de valores imaginários.)
Ela é um vulcão.
(Uma cidade em chamas, um incêndio catastrófico.)
Ela inventou a si mesma, apoderando-se de características alheias e acrescentando uma pitada de fantasia.
(O mundo não é uma fantasia?)
Ela se olha no espelho, passa as mãos no cabelo, e dá um leve sorriso.
(Há quem prefira viver na ilusão. Há quem prefira acreditar no que não existe.)
Ela faz parte de uma espécie aparentemente instinta.
(Homo Sapiens?)
Ela não tem coração.
(Mas ela sente algo bater em seu peito. Talvez possa ser a culpa pela embriaguez do dia anterior.)
Ela sente frio, calor, fome e desejo.
(Ela é fruto da sua imaginação.)
Ela é a sua mente traduzida em feições delicadas e informais.
(Ela é você.)
Ela...
Utopicamente, a adorável desgraça que vaga sem direção nas mentes dos desocupados.
(Oficina do ócio.)
Entregue-se ao abismo. Vá!
O risco é relativamente agradável quando o fracasso já é garantido.

2 comentários:

  1. Nossa laíza, muito bom! Acho que tu deve investir nisso. Os textos são muito bons, e tu é muito criativa.

    Bjos, Ester.

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  2. adorei, você escreve muito bem

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