sábado, 18 de dezembro de 2010

Agulhas e fios.

Eu queria dizer. E mais do que isso: eu precisava dizer.

Eu sabia o que queria. Tinha, em minha mente pequena, singela e humilde, um turbilhão de pensamentos que corriam à 200 km/h sem direção. Sobre o que comi no almoço, sobre as próximas festas, sobre desamores... Sobre tudo e sobre nada. Rápidos, inconstantes e leves como o vento - meus pensamentos desmanchavam-se tão fácil quanto espuma.
Um toque errado. Uma fala equivocada. Qualquer coisa que passasse pacata, desapercebida por minha consciência, causava efeitos em meu inconsciente e no que estava guardado (à sete chaves!) dentro dele.
Tanta coisa. Tantas vontades. Não que eu pudesse desbravar e descrever cada um de meus anseios; porém, eles estavam lá. Quietinhos, esperando para entrar em combustão com o fogo que alimentava minha alma - as palavras.
Um dia (um belo dia, diga-se de passagem), as coisas fluem (e influem). Uma ideia brilhante, um acontecimento inesperado (mas tão desejado!). A permissão para dizer.
É como se o meu próprio interior enviasse para meu cérebro, o visto necessário e a liberação total para a fuga de um minúsculo devaneio em uma fração de segundo. Posso imaginar as sinapses ocorrendo, alguma substância percorrendo meu corpo e carregando a mensagem por todos os lugares - "sim, você já pode falar!".
E era exatamente aí que encontrava-se o segredo de tudo.
Então, eu falava. Liberava as palavras - através das cordas vocais ou de qualquer outra maneira - e esperava que, algum dia, alguém se identificasse com aquilo, reivindicasse, debochasse, ou... que gostasse.
O falar era simples e irrisório. Tão insignificante quanto ouvir um "oi" na espera de um "eu te amo".
Mas eu dizia. Dizia, repetia, esquecia e relembrava.
Porque idéias brilhantes são sempre prósperas (por mais que não pareçam inicialmente). E o que assemelha-se a um caos interno pode ser, somente, o seu inconsciente alertando que ainda há alguma amadurecimento para ocorrer.
Encontrar o fio da meada no meio de tantas desnecessidades pode ser mais difícil do que procurar uma agulha no palheiro.
Mas... Quem disse que é impossível?

Qualquer coisa só para libertar qualquer coisa perdida em mim.
Bom fim de semana. :}

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